Calor intenso e estiagens na região Sul já ameaçam supersafra de grãos

Jonathan Campos/AEN

A supersafra de 290 milhões de toneladas projetada para este ano começa a ter alguns pontos de interrogação.

E, mais uma vez, os desafios se iniciam pela região Sul. Calor intenso e estiagens afetam o plantio e a evolução das lavouras de milho, de soja e de arroz.

O calor afeta, ainda, pastagens, produção de leite e plantações de frutas. Na avaliação de Paulo Pires, presidente da FecoAgro (Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul), 2022 começa de forma melancólica.

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Segundo ele, os primeiros números indicam perdas de 59% no milho sequeiro e perspectivas atuais de quebra de 24% na soja no estado. A chuva está chegando tarde, e os prejuízos são irreversíveis.

A Emater/RS ainda não tem números, mas este será um ano ruim para o milho, diz Alencar Rugeri, diretor-técnico da entidade.

Dezembro é o principal mês para o desenvolvimento da cultura do milho, e as lavouras sofreram muito com a seca intensa, segundo ele.

As perdas são localizadas, e a intensidade dos prejuízos depende de região. Alguns produtores relatam perdas de 6%. Em alguns casos, no entanto, o relato é de 90%.

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Esse número de perdas não está fechado, e as próximas semanas serão decisivas, inclusive para a soja. Janeiro é um mês decisivo para as lavouras da oleaginosa.

Segundo Rugeri, 245 municípios do estado estão afetados pela estiagem, e 138 mil propriedades foram atingidas. Em alguns casos, as famílias já não têm mais água para beber e para dar aos animais, diz o diretor da Emater.

A seca fica aparente na produção de silagem, que teve uma quebra de 57% no Rio Grande do Sul. Produção de leite e fruticultura também entram na lista das atividades agropecuárias afetadas pela estiagem.

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A seca influi também na produção de arroz, devido à redução de água nos reservatórios das propriedades. O estado é o maior produtor nacional desse cereal, com potencial de 8,1 milhões e toneladas.

Santa Catarina também está na rota de perdas, devido à estiagem. Um polo importante na produção de frutas, São Joaquim terá a produção de maçã bastante abalada.

A seca forte afeta principalmente as variedades gala e fuji, que têm colheitas em fevereiro e março. Com potencial de produção de 350 mil toneladas de maçã, a economia da região depende muito dessa fruta.

A estiagem compromete o tamanho da fruta e, consequentemente, o volume a ser produzido, segundo Mariuccia Schlichting de Martin, pesquisadora da Epagri (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina).

Nas áreas mais afetadas pelo calor intenso e pela falta de chuva, as árvores estão perdendo folhas e os frutos murcham. Esse clima adverso provoca queimadura na casca dos frutos, que perdem valor comercial.

Mesmo com a ocorrência de chuvas, boa parte da produção não se recupera.

A seca deste ano poderá afetar também a colheita do próximo, uma vez que as plantas estão perdendo as reservas que têm para a reprodução na próxima safra.

Produtores já relatam perdas de 80% em sua produção. Esse prejuízo é irreversível, segundo Mariuccia.

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PARANÁ
A situação no Paraná, o segundo maior produtor de grãos do país, também é preocupante. O potencial de produção de soja, de milho e de feijão da primeira safra ficaram para trás.

As perdas na soja serão de 7,8 milhões de toneladas; as de milho, 1,4 milhão; e as de feijão 107 mil. Os prejuízos, em relação ao potencial de arrecadação inicial, já somam R$ 24 bilhões.

As perdas no Paraná ganham uma dimensão complicada, pois o estado é o principal produtor nacional de feijão, o primeiro em aves e o segundo em suínos e em leite. O custo da produção de proteínas será bem maior.

O cenário pela frente não é animador, diz Salatiel Turra, chefe do Deral (Departamento de Economia Rural) do Paraná, uma vez que as condições das plantas se agravam.

Há duas semanas, 13% das lavouras de soja eram consideradas como ruins. Agora, são 31%. No mesmo período, o quadro para o milho subiu de 10% para 25%.

Pelos cálculos do Deral, o estado já reduziu em 10 milhões de toneladas o potencial de produção de milho na soma da safrinha de 2021 e da atual, considerada como de verão.

A preocupação agora fica com a safrinha deste ano, que será semeada após a colheita de soja.

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