Por Millena Sartori - DCMAIS
Por mais que soe surpreendente, no primeiro ano da pandemia a região dos Campos Gerais produziu mais riquezas do que no período anterior. As dezenove cidades que compõem a Associação dos Municípios dos Campos Gerais (AMCG) totalizaram R$ 33,73 bilhões de valor adicionado em 2020, 17,5% a mais que os R$ 28,69 bilhões de 2019. O indicador aponta o lucro bruto das empresas e é um mensurador de riquezas, divulgado oficialmente pela Secretaria Estadual da Fazenda (saiba mais abaixo).
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Esta alta de 17,5% é mais de três vezes superior à inflação do período, medida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que foi de 4,52% (IPCA 2020), mas é explicada pela vocação agroindustrial da região – que por sua vez é ligada economicamente à cotação do dólar para o real, que bateu diversos recordes no ano passado, chegando a até R$ 5,90 em maio de 2020, por exemplo.
Cidades
Das 19 cidades que compõem a AMCG, apenas uma sofreu retração no seu valor adicionado total de 2020: Imbaú, que diminuiu em 0,6% a sua geração de riquezas anual. Todas as outras 18 tiveram incremento no valor, com uma variação superior à inflação do ano.
Os destaques em alta são Sengés (+53,3%), que cresceu em todos os setores, mas principalmente comércio (+94,3%), produção primária (+45,8% e indústria (+38,9%), Tibagi (+39,1%), que também liderou a alta da indústria (+178,7%) e quase dobrou o valor do comércio (+93%) e Ventania (36,8%), que duplicou a geração de riquezas do comércio.
O top 5 em riquezas totais sofreu algumas inversões de 2019 para 2020, mantendo apenas a liderança de Ponta Grossa. Em segundo lugar no ano passado ficou Telêmaco Borba (antes 3ª colocada), em terceiro Castro (antes 4ª colocada), em quarto lugar Ortigueira (antes 2º lugar) e em quinto Carambeí (antes 6ª colocada), que tirou Palmeira da lista de cinco cidades mais ricas da região.
Indústria
A indústria regional, que exporta em dólar, representou mais de a metade (50,9%) das riquezas geradas pelos Campos Gerais em 2020. Com uma alta de 14%, ou R$ 2,08 bilhões, em termos monetários, o setor somou R$ 17,07 bilhões em valor adicionado.
As cidades que mais geraram riquezas na indústria em 2020 foram, em ordem, Ponta Grossa, Telêmaco Borba, Ortigueira, Castro e Jaguariaíva. Comparando ao ranking anterior, houve apenas uma inversão entre Telêmaco Borba e Ortigueira – duas cidades que têm como carro-chefe a Klabin.
A seguir, confira todos os resultados, elencados por crescimento.
Produção primária
A produção primária, que desde o ano passado vem sido beneficiada também por exportar commodities como o milho e a soja em dólar, representa mais de um quarto (26,3%) do valor adicionado regional e teve em 2020 o maior aumento setorial: foram +28,3% de riquezas geradas, o equivalente a mais R$ 1,96 bilhão.
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As maiores geradoras de riquezas no campo são Castro, Tibagi, Palmeira, Carambeí e Arapoti, que em 2020 tirou Piraí do Sul do top 5 do setor.
A seguir, confira todos os resultados, elencados por crescimento.
No ranking de aumentos o comércio curiosamente se destaca, com +15,8% em 2020, ante 2019 – segunda maior alta setorial. Foram R$ 5,62 bilhões de riquezas geradas por ele, R$ 766,98 milhões a mais que no ano anterior à pandemia.
O top 5 é formado por Ponta Grossa (manteve a 1ª posição), Castro (manteve a 2ª posição), Arapoti (que antes era 5ª colocada), Telêmaco Borba (antes 3ª colocada) e Tibagi (antes 7º lugar). Palmeira, 4ª colocada em 2019, caiu para a 9ª posição em 2020.
A seguir, confira todos os resultados, elencados por crescimento.
Setor mais afetado em todo o mundo devido à pandemia, a prestação de serviços foi a única a sofrer uma retração em geração de riquezas nos Campos Gerais: foram -5%, R$ 108,36 milhões a manos do que em 2019.
Dos 19 municípios da região, 10 tiveram variação negativa e outros quatro crescimento menor que a inflação. O seu top 5 de municípios foi o único que não sofreu nenhuma alteração: em ordem, estão Ponta Grossa, Castro, Telêmaco Borba, Ortigueira e Carambeí.
A seguir, confira todos os resultados, elencados por crescimento.
A reportagem do jornal Diário dos Campos e portal dcmais entrou em contato com as prefeituras de alguns dos municípios que foram destaque no ranking de geração de riquezas em 2020.
Ponta Grossa, que manteve a quarta posição estadual, destaca o seu parque industrial. “Essa melhora de Ponta Grossa no ranking estadual se deve à sua vocação industrial, que é comprovada pelos números: a indústria corresponde a 60,7% das riquezas geradas na cidade. Durante a pandemia ela foi afetada, mas não tanto quanto o comércio – e Londrina e Maringá são fortes justamente no comércio”, explica o secretário municipal da Fazenda, Cláudio Grokoviski.
Tibagi, que mais do que duplicou o valor adicionado da indústria, ressalta que nenhuma nova empresa se estabeleceu na cidade, mas credita o desempenho ao início das operações da usina hidroelétrica Tibagi Montante. “Ela começou a operar em outubro de 2019 e foi responsável por R$ 47 milhões de todo o valor gerado no que diz respeito às atividades industriais no município”, afirma o prefeito Artur Butina.
O município também ocupou o segundo lugar no ranking geral de crescimento e acredita que isso se deve ao aumento dos preços da produção agropecuária em todo o país. “Devido à grande produção em Tibagi, o aumento de aproximadamente 40% nos valores da saca de soja, milho e feijão, por exemplo, fez com que os valores das produções primária e agropecuária aumentassem. As previsões de crescimento para 2021 são ainda melhores, com a possibilidade de aumento de 11% desse valor de 2020”, avalia Butina.
Piraí do Sul
Dentre os 19 municípios da AMCG, Piraí do Sul se destacou no comércio, tendo o 2º maior crescimento de 2019 para 2020, e no ranking geral de crescimento, ficando em 4º lugar. O secretário da Fazenda, Vinicius Andre Brizola de Oliveira, lembra que em 2020 47 novas empresas abriram na cidade.
“O fato de o município ter apresentado o 2º maior crescimento na atividade econômica na região dos Campos Gerais demonstra o resultado das atitudes tomadas, e mais do que isso, demonstra o potencial de desenvolvimento que o município tem não somente na produção agrícola, como também na indústria e no comércio. Destacam-se no setor produtivo a moagem, a fabricação de nutrição animal, a indústria de máquinas e equipamentos e o comércio atacadista de alimentos e bebidas”, ressalta ele.
O que é valor adicionado?
O ranking das maiores empresas de PG considera o valor adicionado de cada uma. Conforme explica o secretário da Fazenda de Ponta Grossa, Cláudio Grokoviski, o valor adicionado é um mensurador de riquezas geradas porque compõe o próprio PIB. “É a diferença do que a empresa comprou/utilizou na sua produção em relação à venda do seu produto. Ou seja, o lucro bruto desconsiderando os custos diretos e indiretos, como pessoal e transportes, por exemplo”, explica.
“O valor adicionado é considerado o PIB das empresas geradoras de ICMS [Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços]. Somando estas às que não são tributadas por este imposto temos o PIB de um local”, destaca ele, lembrando que entre as empresas que ficam de fora dessa classificação estão construtoras, bancos, hospitais, correios, entre outras.
FONTE:
Campos Gerais produziu +17,5% de riquezas em ano de pandemia - dcmais
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