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Relatório aponta a importância da polinização para a agricultura brasileira.


A maior parte – 76% - das plantas utilizadas para produção de alimentos no Brasil é dependente do serviço ecossistêmico de polinização realizado por animais. É o que aponta o 1º Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil, lançado nessa quarta (06), em São Paulo. O documento mostra os impactos econômicos, ambientais e sociais da polinização para a agricultura do país e as ameaças a esse serviço, e serve de base para gestores públicos e instituições de pesquisa. 


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Das 289 plantas cultivadas ou silvestres, utilizadas direta ou indiretamente na produção de alimentos no país, existe conhecimento disponível sobre a polinização de 191 (66%). Os serviços prestados por esses animais, especialmente as abelhas, à agricultura brasileira foi estimado em R$ 43 bilhões, em 2018, sendo associado principalmente a quatro cultivos de grande importância agrícola: soja, café, laranja e maçã. Na Amazônia, o maior exemplo é a castanha-do-Brasil, que depende totalmente das abelhas para sua reprodução. 

A bióloga Márcia Maués, pesquisadora da Embrapa Amazônia Oriental é uma das autoras principais do documento, explica que esses animais prestam um serviço ecossistêmico (polinização) que aumenta a produtividade dos cultivos e contribui para a formação de frutos e sementes de melhor aparência e qualidade, agregando valor de mercado a estes produtos. “Políticas públicas de valorização desse serviço e proteção aos polinizadores podem ser o fator decisivo para aumentar a produtividade e qualidade da produção agrícola brasileira”, afirma a especialista.

O relatório aponta que há atualmente informação para 91 plantas quanto à dependência da polinização por animais para a produção de frutas, hortaliças, legumes, grãos e oleaginosas utilizadas para o consumo humano. A polinização atua diretamente na frutificação e reprodução dessas plantas e o grau de dependência varia de pouco até essencial. Esses animais são moscas, vespas, borboletas, mariposas, morcegos, besouros e, principalmente, as abelhas. Estas, segundo o relatório, são responsáveis por quase 80% dos cultivos polinizados.


“Inúmeros cultivos de frutos e sementes consumidos pela população brasileira e exportados ao mercado externo são dependentes de polinizadores, como é o caso da produção de castanha-do-brasil, caju, maçã, maracujá, melão, melancia e pinhas. A ação dos polinizadores, especialmente as abelhas, gera ganhos em quantidade e qualidade na produção agrícola no Brasil. Conservar esse serviço é um fator central para garantir a segurança alimentar e a renda dos produtores agrícolas”, alerta o relatório.


Documento faz alerta
Alguns fatores ameaçam a ação dos polinizadores, como a perda de habitat, mudanças climáticas, poluição ambiental, agrotóxicos, espécies invasoras, doenças e patógenos. A preocupação de cientistas com essas ameaças foi um dos motivos que levou à elaboração do documento como base para a tomada de decisão por gestores públicos.

Márcia Maués afirma que a mudança no uso da terra, que levam à perda e à substituição de habitats naturais por áreas agrícolas ou urbanas, é um dos fatores de risco que são apontados no relatório. “Essas alterações na paisagem, quando realizadas sem planejamento e sem considerar as interações biológicas diminuem, por exemplo, a oferta de locais para construção de ninhos e reduzem os recursos alimentares utilizados por polinizadores”, afirma.

O 1º Relatório Temático sobre Polinização, Polinizadores e Produção de Alimentos no Brasil está disponível gratuitamente em www.bpbes.net.br e www.rebipp.org.br.

Sobre a REPIPP - a Rede Brasileira de Interação Planta-Polinizador é uma rede de trabalho colaborativo entre especialistas em Biologia da Polinização que estudam as interações planta-polinizador em suas várias dimensões e tem como objetivo incentivar o desenvolvimento de atividades científicas e didáticas na área. Um dos projetos da REBIPP é a criação e a manutenção de uma base de dados de interações planta-polinizador, cujos objetivos são elaborar o diagnóstico da diversidade de interações planta-polinizador que existe no Brasil; identificar lacunas de conhecimento e; estimular o desenvolvimento de projetos de pesquisa entre os colaboradores da Rede.

Ana Laura Lima (MTb 1268/PA) 
Embrapa Amazônia Oriental

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