O Brasil é um dos gigantes da agropecuária no mundo. O país é o maior exportador de carne do planeta e segundo maior exportador agrícola. No entanto, a questão logística põe a situação dos produtores em desvantagem.
Antônio José Meireles tem 46 anos, há 16 trabalha como agricultor. Ele, que planta milho e soja em Naviraí, no Mato Grosso do Sul, reclama da atual situação com relação ao escoamento da produção.
“A gente sabe que a gente não consegue produzir se a gente não pagar o transporte. O custo desse transporte via rodovia é alto.”
Elisangela Lopes é assessora técnica da Comissão Nacional de Infraestrutura de Logística da Confederação de Agricultura e Pecuária, a CNA. Ela conta que a malha rodoviária do Brasil é responsável por transportar cerca de 60% de todos os produtos produzidos no campo. O problema é que, segundo um levantamento da Confederação Nacional de Transportes, a CNT, 60% das estradas brasileiras foram avaliadas como regulares, ruim ou péssimas, com problemas na pavimentação, falta de sinalização e buracos. Ainda segundo a pesquisa estradas com uma pavimentação avaliadas como péssima podem causar um aumento no custo operacional de até 91,5%.
Elisangela deu detalhes do quanto isso pesa para o produtor brasileiro na comparação com os principais concorrentes do Brasil no mercado externo.
“Nós somos imbatíveis quando comparamos com ele a questão da nossa produtividade para dentro da porteira. Passou a porteira, aí a situação muda de figura. Nós temos os maiores custos, cerca de três, quatro vezes mais que Estados Unidos e Argentina.”
Para agravar a situação, as possibilidades de baratear o escoamento da produção estão emperradas por falta de estrutura, como a utilização de rios e ferrovias, avalia Elisangela.
”Como a gente não tem hidrovias, a gente tem rios, mas que não são classificados, na maioria, como hidrovias. Faltam obras de finalização, dragagem, derrocamento, tornar as condições desse rio navegável. A gente utiliza muito pouco aibnda as nossas hidrovias. E o ferroviário é caracterizado por um monopólio, onde o custo do transporte muitas vezes é balizado rodoviário. Chegando a custar o mesmo valor, quando internacionalmente esse valor chega a ser 30% menos.”
Enquanto a situação não é resolvida, Antônio José lamenta a falta de atenção dada à situação.
“Enquanto nossos políticos não focarem que o Brasil é um país extremamente agrícola e que depende disso para ser mais competitivo lá fora, a gente precisa ter uma infraestrutura melhor, a gente vai continuar sofrendo.”
Quando separado por regiões do país, de acordo com o levantamento da CNT, a Região Norte do país é quem mais sofre com custos adicionais, 33,6% ao todo. O Sudeste, que menos paga custos adicionais, tem um acréscimo de 24,7% no transporte dos produtos.
Reportagem Raphael Costa
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