Lula investigado, ex-ministros presos, políticos delatados, empresários encurralados. A lava Jato, definitivamente, abalou o sistema político e a república, em 2016.
Depois de 14 fases concluídas no ano, a prisão, para muitos, a mais simbólica da Lava Jato, ocorreu sem batismo e em nenhuma das fases da operação. Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e um dos políticos mais poderosos do Brasil foi preso preventivamente por ordem do juiz Sergio Moro, no dia 19 outubro. A prisão se deu pouco mais de um mês após Eduardo Cunha ser cassado pelo plenário da Câmara por quebra de decoro. Com a perda do mandato, Cunha deixou de ter direito ao Foro Privilegiado e acabou caindo nas mãos do juiz Segio Moro. A prisão foi contestada pelo advogado de Eduardo Cunha, Ticiano Figueiredo.
“Esse pedido de prisão ficou no supremo por mais de quatro meses. O Supremo não decidiu, o que significa que não havia elementos para prender, porque um pedido de prisão é uma coisa urgente. E, em menos de uma semana ele acaba sendo preso aqui sem qualquer fato novo.”
Eduardo Cunha é acusado de receber propina de contratos para exploração de Petróleo no Benin, na África, e de usar contas na Suíça para lavar o dinheiro.
No dia 10 de novembro a Lava Jato volta às ruas, agora com mais uma fase, a 36ª, denominada de Dragão. Os alvos foram os operadores financeiros Rodrigo Tacla Duran e Adir Assad. De acordo com as investigações, entre 2011 e 2013, as empreiteiras Odebrecht, UTC e Mendes Júnior repassaram 52 milhões de reais em propina a empresas offshore de Tacla Duran. O operador, então, teria de distribuir o valor a beneficiários finais no exterior. Adir Assad também teria feito depósitos às empresas de Rodrigo Tacla Duran.
Dia 17 de novembro de 2016, a Lava Jato derruba mais um poderoso nome da política nacional. O ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, foi preso pela Polícia Federal durante as ações da 37ª fase da operação, batizada de Calicute. Uma referência à cidade indiana onde o navegador português Pedro Álvares Cabral enfrentou uma grande tormenta.
Xará do descobridor do Brasil, Sergio Cabral foi preso em seu apartamento, no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro. A investigações apontam que ele teria recebido milhões de reais em propina para fechar contratos públicos. O prejuízo pode ter chegado a mais de 220 milhões de reais.
De acordo com o Ministério Publico Federal, em 2016, por conta das investigações da Lava Jato foi realizada a maior devolução de recursos já feita pela justiça criminal brasileira para uma vítima.
No mês de novembro, foram devolvidos R$ 204.281.741,92 aos cofres da Petrobras. Para levantar a quantia foram realizados 21 acordos, sendo 18 de colaboração premiada com pessoas físicas e três acordos de leniência com pessoas jurídicas. Ao todo, foram três atos de devolução de recursos que juntos atingem à cifra de R$ 500 milhões.
Ao todo, neste ano, a Lava Jato ofereceu à Justiça Federal 20 denúncias por crimes como corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
E em 2017? A Lava Jato continuará ganhando força? A resposta do cientista político Valdir Pucci é sim. De acordo com ele o clima de apreensão em Brasília deve aumentar quando a delação premiada dos executivos da empreiteira Odebrecht vierem a público.
“Eu acho que a política de 2017 vai continuar refletindo bastante 2016. A gente não vai ter uma mudança drástica do que nós assistimos em 2016. E o que que seria isso? Eu acredito que na verdade o presidente Temer vai ter muitas dificuldades em especial com avanço da Lava Jato e também em especial quando as delações da Odebrecht vierem mais a público.”
Até o momento, em três anos de operação, a Lava Jato já soma 37 fases, seis prisões em flagrante, 103 mandados de prisão temporária, 79 mandados de prisão preventiva, 730 de busca e apreensão, 197 mandados de condução coercitiva e 120 pedidos de cooperação internacional. Ao todo, são 56 denúncias e 259 acusados.
Reportagem, João Paulo Machado
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