Fim do governo lulopetista e cassação de Eduardo Cunha. Que significado tem isso para o futuro do Brasil?



O fim do governo lulopetista (representado pelo impeachment de Dilma Rousseff) assim como a cassação de Eduardo Cunha (450 votos contra 10) é algo positivo para o Brasil. Não há dúvida. Todo político, governante ou partido criminoso (ou conivente com a criminalidade da sua agremiação) quando eliminado da chance da corrupção, é gol a ser comemorado pela sociedade. Um a menos para roubar o dinheiro público.


A aniquilação de corruptos da governabilidade é uma necessidade. Mas essa reação do próprio sistema político não pode significar apenas a expulsão de alguns membros do seleto “clube” da criminalidade organizada empresarial-estatal, que para manter a aparência, de vez em quando, afasta seus integrantes em nome de nobres interesses superiores (defesa da democracia, preservação da moralidade e do Estado de Direito etc.).

Antônio Carlos Magalhães, Jader Barbalho, Renan Calheiros etc. Tiveram que renunciar a seus mandatos ou à presidência do Senado, mas não deixaram a política (retornando em seguida para o nefasto clube da criminalidade organizada empresarial-estatal).

O impeachment de Dilma assim como a cassação de Eduardo Cunha constitui uma chance de ouro para a implantação da racionalidade política e administrativa no Brasil. Para a produção desse glorioso efeito é preciso arrefecer a influência da criminalidade organizada empresarial-estatal, que co-manda o país desde 1500. A Lava Jato está cumprindo esse papel e não pode parar. A sangria dos corruptos tem que continuar.

São incontáveis os conflitos no território brasileiro (entre patrão e empregado, empresas e sindicatos, rico e pobre, Nordeste e Sudeste, negro e branco, norte e sul etc.). Um deles, até 2012 (data do mensalão), nunca teve a devida publicidade: é o estabelecido entre os interesses da população brasileira e o crime organizado que tem como finalidade saquear os recursos públicos em benefício de uma pequena elite (econômica, financeira e política), incrustada no núcleo do poder.

O tradicional discurso político, econômico, sociológico e midiático diz que o mundo empresarial “puxa a carruagem”, enquanto um grupo de parasitas suga os recursos do Estado. O estamento estatal (tese de Raimundo Faoro, Os donos do poder) se aproveita do setor privado (do Mercado), por meio de um corporativismo que só vê seus interesses. Isso é verdadeiro, mas somente diz meia-verdade.

Vários setores do mundo empresarial-financeiro também se acham aboletados dentro do Estado (particularmente os que financiam as campanhas eleitorais dos políticos e dos partidos), para dele extrair o máximo possível de utilidades materiais (lícitas ou ilícitas). Há um forte setor do Mercado que também se aproveita (lícita ou ilicitamente) do Estado.

Se o Brasil é um país extremamente desigual, isso decorre sobretudo das suas instituições extrativistas que fomentam ou acobertam o enriquecimento ilícito ou politicamente favorecido de todos os que fazem parte do citado crime organizado empresarial-estatal (que a Lava Jato vem comprovando diariamente).

Dentre os grandes desafios do Brasil (equilíbrio das contas públicas, reforma tributária, reforma política, novo pacto federativo, melhoria no ambiente de negócios etc.) de modo algum pode ser negligenciado o férreo combate à corrupção e à criminalidade organizada empresarial-estatal.

O Estado brasileiro precisa de uma cirurgia radical, para que ele possa cumprir eficientemente seu papel de protetor da sociedade (consoante a terminologia de Hobbes), porém, não apenas ele necessita de correção: o Mercado também tem que se emendar, abolindo-se o chamado capitalismo à brasileira (de laços, de compadrio, cartelizado), que constitui uma das fontes da nefasta e socialmente danosa criminalidade organizada empresarial-estatal.

Vários setores empresariais e financeiros mantêm relações promíscuas com o mundo político e dos partidos. O caso petrolão veio comprovar à exaustão o quanto os financiamentos de campanhas eleitorais não passam de lavagem de dinheiro, que transformou a Justiça eleitoral em uma lavanderia estatal (consoante declaração do corregedor eleitoral Hérman Benjamin). Outra grande parte desses financiamentos constitui caixa dois (pagamentos não declarados).

O velho sistema político-econômico brasileiro, mesmo ancorado em desgastadas e apodrecidas estruturas de uma provecta criminalidade organizada, tem seus espasmos de autoproteção, para tentar sobreviver. Quando todos os sintomas da patologia explodem na consciência da opinião pública, ele reage (para produzir anticorpos). O governo lulopetista assim como Eduardo Cunha se tornou uma espécie de câncer metastático. Ambos cavaram suas eliminações do sodalício criminoso e as conseguiram.

Constitui erro crasso supor que a proscrição de alguns membros signifique o fim do “clube” ou mesmo o crepúsculo do processo de degradação da velha ordem social vigente. O impeachment de Collor não representou o fim da cleptocracia, ao contrário, deu-se o seu revigoramento (que pressupõe o apequenamento das instituições de controle). A Procuradoria-Geral da República, por exemplo, na era FHC, virou uma “arquivadoria-geral”. A explosão do caso mensalão não significou o fim da corrupção como política empresarial-estatal (que enriquece uns poucos).

A limpeza ética assim como a refutação enérgica da criminalidade organizada empresarial-estatal constitui um dos desafios mais prementes da nação brasileira.

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