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Crise do leite: Sudoeste do Paraná já fala em colapso no setor


O auditório ficou completamente lotado, tamanha a gravidade da crise na cadeia produtiva do leite. A Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop) realizou na manhã desta sexta-feira (01) uma mobilização regional. Cerca de 400 pessoas marcaram presença, a maior parte formada por produtores rurais, dispostos a sensibilizar lideranças políticas de que providências precisam ser tomadas. O evento denominado “Crise do Leite” teve a finalidade de discutir novas medidas para evitar o colapso do setor que luta contra a queda do preço do leite e aumento no custo da produção.


A mobilização é uma das ações iniciais de enfrentamento da crise do setor leiteiro. De acordo com o presidente da Comissão de Agricultura e Meio Ambiente da Amsop, esse é o pontapé para que o Sudoeste do Paraná lidere esse enfrentamento. “Afinal, a cadeia produtiva do leite é um dos pilares da economia do sudoeste”, aponta.



Ainda, segundo Vottri, essa queda no preço do leite se deve a um conjunto de fatores, como o aumento das importações e alta nos preços dos insumos e transporte.

Foto: assessoria

De acordo com o presidente da Comissão de Agricultura e Meio Ambiente da Amsop, Marciano Vottri, a mobilização tem como objetivo criar uma linha de ação e enfrentamento à problemática. “Nós também precisamos entender a raiz desse problema e, aí, nós temos algumas situações distintas, a exemplo da oferta do leite no mercado, que se comparado ao primeiro semestre de 2022, nós temos 5% a mais de leite sendo ofertado, e também da abertura de canais de importação”, diz o presidente.


Vottri afirma ainda que toda a discussão e as decisões serão tomadas com base nos dados citados e que a expectativa é que sejam alcançadas melhorias e suporte para os produtores de leite que estão à beira de um colapso. “Eu diria que essa é a maior crise já instalada no setor produtivo nos últimos anos”, pontua.


Já para o presidente da Aproleite Sudoeste, Sidcley Risso, a situação emergencial a ser resolvida é sobre a importação do leite. “Hoje nosso País está inundado com as importações de países do Mercosul, a níveis nunca vistos, em torno de 12% do consumo nacional, o que, historicamente, fica de 1 a 3%. Então, todo esse leite que está vindo a custo baixo, porque lá é outro sistema de produção, dificulta a rentabilidade das nossas propriedades”, aponta Sidcley.

 
Foto: assessoria

Para resolver a situação, o presidente da Aproleite defende que é preciso que os preços do leite sejam pré-estipulados. “A gente entrega o produto sem saber o preço que vai receber pelo leite e, por isso, acaba não cobrindo os custos da propriedade, que é o que está acontecendo. Então, a gente precisaria hoje trabalhar pelo menos R$ 0,50 centavos até R$ 1 acima do que vem sendo praticado para conseguir manter os compromissos das propriedades e manter capacidade de reinvestimento. O próximo passo vai ser o quê? Não conseguir cumprir os compromissos e encerrar as atividades das propriedades”, desabafa.



O coordenador da Frente Parlamentar do Leite da Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Wilmar Reichembach (PSD), acompanhou a discussão. “O momento é muito grave! Precisamos limitar as importações de leite em pó do Uruguai e Argentina, pois isso está prejudicando o mercado nacional, especialmente os produtores rurais que nesta época deveriam ter lucro com a produção e está ocorrendo o contrário, amargam prejuízos! O Governo Federal tem mecanismos para reverter essa situação. Vamos juntos somar forças, encontrar caminhos e soluções urgentes”, citou o parlamentar.


“É a maior crise do setor leiteiro da história”, apontou o produtor Pedro Ivo, ex-prefeito de União da Vitória, ex-deputado estadual e membro do movimento Pró-Leite. Anderson Barreto, presidente da Amsop e prefeito de Coronel Vivida, destacou que “e essa dificuldade deve ser enfrentada com união, vontade e determinação”. As reivindicações apontadas no encontro deverão ser apresentadas ao vice-presidente Geraldo Alckmin na próxima semana, em Brasília.
Ouro branco



O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de leite, com mais de 34 bilhões de litros por ano, com produção em 98% dos municípios brasileiros, tendo a predominância de pequenas e médias propriedades, empregando perto de 4 milhões de pessoas. O Paraná é o terceiro maior produtor de leite do país, com 3,9 bilhões de litros por ano e representa a cadeia produtiva mais importante para os agricultores familiares do Estado. Esta produção é obtida por 110 mil produtores, dos quais 86% são pequenos produtores com até 250 litros/dia. E o Sudoeste é a segunda maior bacia leiteira do Brasil e a maior do Paraná.

(Com Assessoria, Carine Prolo)

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